Liz Matos lança novo livro em que faz um convite à imersão
O livro Antes que o Tarde se Faça Eternidade , da poeta e escritora baiana, marca sua estreia na prosa poética, gênero que mescla narrativa fluida e linguagem lírica. 0 lançamento será no próximo dia 20 de julho, no Palacete Tira Chapéu, exclusivo para convidados.
Confira nesta entrevista.
Como se deu a transição de poesia para prosa poética?
Não houve exatamente uma transição da poesia para a prosa poética, talvez, nem uma escolha consciente. A verdade é que escrevo prosa poética há muitos anos, muito antes mesmo de saber que esse nome existia para aquilo que minha alma já praticava em silêncio.
Mas foi em dezembro de 2024 que a escrita assumiu outra urgência, despertada por um problema de saúde que trouxe a possibilidade de algo grave. Diante da finitude, emergiu o desejo de não adiar mais o que me habitava há tanto: publicar um livro de prosa poética. Reuni textos de anos, mergulhei numa escrita intensa até abril, e, curiosamente, no instante em que finalizei a última linha, os sintomas desapareceram por completo, como se meu corpo apenas me pedisse: “Escreve. Agora.”
O título do livro resume esse ciclo inteiro, e o alerta sagrado que ele me revelou: Antes que o Tarde se Faça Eternidade.
*De que trata esse seu quarto livro?*
Esse quarto livro nasceu da dor, não como lamento, mas como semente. Cada palavra foi escrita como quem atravessa uma tempestade de olhos abertos, perguntando ao silêncio: para que isso veio? Em vez de fugir, mergulhei. E nesse mergulho, encontrei a ternura do amor, o vazio da ausência, o fio invisível da espiritualidade, as marcas da perda e a beleza que persiste, mesmo entre os escombros.
É um livro sobre o que nos transforma. Sobre o que, ao nos partir, também nos revela. E a capa, emblemática, fez um fechamento perfeito desse ciclo.
*Por que emblemática?*
A capa nasceu do encontro entre olhares poéticos. Enquanto ainda definia como seria a capa do livro, me deparei no Instagram com uma fotografia de Melo Bastos, e me encantei de imediato. Sou admiradora de seu trabalho, e, para minha surpresa, ao entrar em contato com ele, foi exatamente essa imagem que me ofereceu. Feita no Lago de Garda, com a delicadeza da longa exposição, ela eterniza o movimento do tempo nas nuvens. Muito além de uma foto, Melo me presenteou com uma poesia. Um presente raro, que traduz em imagem o que minhas palavras desejam tocar: a beleza sutil do que passa, mas permanece.
*Animada para o evento de lançamento?*
Estou com a alma em festa serena, aquela que acontece por dentro, onde moram os sonhos mais antigos. Meu coração pulsa em compassos largos, como quem se aproxima do limiar de um sonho tecido com silêncio, lágrimas e esperança. Esse livro não nasceu apenas de palavras, mas de travessias. Foi ele quem me escreveu, enquanto eu acreditava escrever.
O evento de lançamento será mais que uma noite: será um rito de beleza e entrega. Um abraço coletivo entre poesia, teatro, dança e música, como se a arte inteira viesse me ajudar a dizer o indizível. Desejo, com a alma aberta, que cada pessoa ali se permita sentir. Porque esse livro me transformou… e talvez, com sorte e verdade, ele também floresça no íntimo de quem o tocar.
